Há atores demais em cena, e todos querem protagonizar o "Happy End", chegar à última estação, sentar na janelinha. Não há texto suficiente para tantos heróis e mocinhas. Ninguém quer ser a flor com espinhos. O tempo é curto demais. O teatro está tomado por fumaça e a platéia poluída de ignorância. Silêncio ou muito barulho. Falta de respeito. O oito e o oitenta disputando um vagão apertadíssimo até a próxima esquina. A vida do avesso, caída em um cenário de excessos pintados de cinza. Sobra tudo neste palco: opções,gente,oportunidades, preocupações,violência. Trânsito, estresse, correria. Um intervalo prolongado de caos urbano. Estações e rodovias tomadas por um entra e sai constante de palavras, de mercadorias, de histórias, de sonhos e talentos. Acenda a luz. O elenco está em greve eterna. A trilha no último volume. Em prosas, rimas e versos demais este espetáculo chamado São Paulo hoje está cancelado.
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